As constantes negativas do governo em conceder reajustes no ano que vem aos servidores levaram a categoria novamente às ruas ontem, em protestos simultâneos em todos o país. No Distrito Federal, os trabalhadores tomaram parte da Esplanada dos Ministérios dar um recado à presidente Dilma Rousseff: os grevistas continuarão de braços cruzados além de 31 de agosto, prazo-limite para que o Ministério do Planejamento encaminhe ao Congresso Nacional o projeto de Orçamento de 2013. Integrantes do Movimento Sem Terra (MST) e das Lésbicas, Gays e Bissexuais e Travestis (LGBT) também participaram da manifestação.
O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos no Distrito Federal, Oton Pereira Neves, afirmou que a categoria já previa a intenção do governo de protelar decisões com o intuito de enfraquecer a greve por salários maiores, reestruturação de carreiras e melhores condições de trabalho. Na avaliação do sindicalista, as constantes reuniões com o Planejamento, sem resultados favoráveis, foram um claro indicativo de que as negociações não avançariam. "O governo não só nos disse não como mandou cortar o nosso ponto. Essa última decisão foi revertida na Justiça, mas não é o bastante ", disse.
De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público (Condsef), as paralisações refletem o descaso do governo às reivindicações dos servidores. "Não vamos aceitar que o Palácio do Planalto permaneça com essa postura intransigente", afirmou João Torquato, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Ação Social (SindPrev). "Ao se recusar a atender nossos pleitos, o governo prejudica a população, principalmente na área previdenciária, na educação e na saúde", enfatizou.
Mauro Mendes, um dos coordenadores do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SintFub), avisou que a população deve se preparar para mais transtornos. "Vamos ficar em greve até que o governo apresente uma proposta", destacou. Em apoio aos professores das universidades federais, de braços cruzados há quase três meses, 30 estudantes acamparam em frente ao Ministério da Educação para pressionar o ministro da pasta, Aloizio Mercadante, a atender as reivindicações dos docentes. Eles também pleiteiam melhores condições nas instituições públicas. "Queremos melhorar o futuro da nossa educação", disse a representante dos estudantes, Clara Saraiva.
Pleito dos bancários
O Comando Nacional dos Bancários entrou no clima das paralisações e deve entregar hoje a pauta nacional de reivindicações da categoria à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A categoria reivindica reajuste salarial de 10,25%, piso de R$ 2.416,38, participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários mais parcela fixa adicional de R$ 4.961,25, além de vales-refeição e alimentação e auxílio-creche. Os profissionais também pleiteiam aumento nas contratações e o fim da política de rotatividade nos bancos.
Fonte: Correio Braziliense