O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) pediu nesta quarta-feira ao Conselho de Ética da Câmara a abertura de investigação contra o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). “Há indícios suficientes que revelam ter o representado [Protógenes] se portado de forma incompatível com o decoro parlamentar, justificando a instauração de processo ético-disciplinar”, diz o relator em parecer preliminar.
Protógenes será investigado por ter sido citado em conversas telefônicas flagradas pela PF com o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias Araújo, o Dadá, apontado como integrante do grupo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
“Um parlamentar não pode agir como tudo indica que tenha agido o deputado Protógenes Queiroz, mantendo relacionamento próximo com um notório contraventor e, pior, o auxiliando diante das investigações levadas a cabo pela Polícia Federal”, disse Amauri Teixeira.
O parecer deve ser analisado pelo Conselho de Ética na próxima terça-feira, conforme informou o próprio deputado. Se for aprovado, o conselho vai abrir processo de investigação por quebra de decoro parlamentar. Teixeira deve continuar a relatar a investigação do caso.
Em entrevista, Teixeira usou tom bem menos duro do que expressou no relatório. “Há indícios, que são as ligações de Protógenes e o Dadá. As ligações não revelam também nada, se há quebra de decoro ou não", disse. "As ligações apenas justificam que cabe a nós aprofundarmos a investigação para concluir se houve ou não quebra de decoro. O que já existe é muito frágil para caracterizar quebra de decoro”.
A representação contra Protógenes foi apresentada pelo PSDB com base em reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”. A publicação apontou escutas telefônicas da operação Monte Carlo da Polícia Federal em que há supostas orientações do deputado a Dadá.
Ex-delegado da PF, Protógenes teria instruído Dadá em sua defesa quando o ex-militar era investigado pela própria PF. Teixeira afirmou que, além dos materiais encaminhados pelo PSDB, deve analisar outros documentos enviados pela PF à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira para produzir o parecer definitivo sobre a conduta de Protógenes.
Fonte: Valor Econômico