Papiloscopistas da Polícia Federal voltam a Brasília depois de ajudar a identificar corpos em Brumadinho Postado em 15/02/2019 por Sindicato dos Policiais Federais às 14:55
Enviada a Brumadinho, em Minas Gerais, como parte dos esforços concentrados de todo o país após o rompimento de uma barragem da Vale, a equipe de técnicos do Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal retornou a Brasília nesta semana.
Ao todo, sete profissionais do time viajaram para MG para ajudar na identificação dos mortos. Três voltaram no início da semana, e os outros quatro devem desembarcar na capital federal nesta sexta-feira (15).
A previsão é de que, daqui para frente, o número de corpos encontrados diminua. Com isso, as equipes de papiloscopistas da Polícia Federal de Minas Gerais e o Instituto Médico Legal (IML) poderão atuar sozinhas, desmobilizando a ajuda de outros estados.
Em tragédias como essas, a equipe de Brasília é chamada porque é a única que possui o Alethia. Trata-se de um equipamento que faz o cruzamento das impressões digitais das vítimas encontradas com diversos bancos de dados nacionais.
O papiloscopista Marco Antônio Souza, por exemplo, foi enviado a Brumadinho um dia depois do acidente, com outros dois especialistas.
Antes, ele já havia atuado na identificação de corpos de tragédias como a queda dos aviões da Air France (2009) e do time da Chapecoense (2016), e os acidentes que mataram o ministro Teori Zavascki e o presidenciável Eduardo Campos.
Sistema estratégico
O Alethia foi lançado em 2016 e utilizado, no mesmo ano, para identificar todas as vítimas brasileiras no acidente com o avião que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia.
O sistema também foi usado nos aeroportos de todas cidades-sede nas Olimpíadas Rio 2016 para o controle de entrada de estrangeiros – verificando a biometria com as listas de difusão de procurados e terroristas da Interpol. Duas pessoas tiveram a entrada barrada no Brasil após o alerta do sistema.
Marco Antônio contou ao G1 como foi a atuação dos policiais federais em Brumadinho. Segundo ele, a lama que devastou a região e deixou centenas de mortos e desaparecidos ajudou a conservar os corpos.
A alta concentração de metais, derivada da atividade de extração mineral na área, pode ter “tornado o ambiente inerte para a proliferação da fauna cadavérica.”
“Não era previsto que os dedos estivessem em condições de coleta tão boa, dias depois do acidente”, diz.
No caso do avião da Air France, que ia do Rio de Janeiro a Paris, ele conta que o estado dos corpos estava muito pior após duas semanas.
Por isso, as condições do ambiente são fundamentais para estimar o tempo, após o acidente, em que ainda seria possível identificar os corpos pelas impressões digitais.
Com o Alethia, segundo Marco Antônio, a lógica temporal se inverte: quanto mais tempo passa, maior é o ritmo de identificação dos corpos. Isso porque, enquanto as equipes em campo fazem buscas, o sistema vai sendo abastecido com bancos de dados biométricos – do Detran, da Polícia Militar ou da Secretaria de Segurança Pública, por exemplo.
Pouco a pouco
No caso de Brumadinho, as informações chegavam aos poucos. Como se tratava de um “desastre aberto” – em que não é possível saber previamente quem foi afetado –, o grupo precisava de acesso a listas de desaparecidos.
O banco de dados da Polícia Federal tem 22 milhões de pessoas cadastradas, a maioria delas por causa do passaporte.
Dos 161 corpos identificados até esta quarta-feira (13), 151 foram através dos exames papiloscópicos (baseados em impressão digital). Desses, 76 foram identificados com o Alethia.
Os outros 75 dependeram de técnicas tradicionais de papiloscopia, porque não havia cadastro biométrico do desaparecido no banco de dados. Outras técnicas, como coleta de DNA e exame de arcada dentária, em geral só têm sido utilizadas quando os dedos das vítimas não são encontrados.
Do G1
FONTE: AGÊNCIA FENAPEF
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